segunda-feira, 5 de maio de 2008

História e Personalidades do Rio Vermelho



Seo Marinho, Seo Juce e Dona Maricota são alguns dos descendentes de açorianos com mais de 80 anos que nasceram e ainda vivem em uma comunidade tradicional do interior da Ilha de Santa Catarina.

Enquanto relembram o passado, cada um ganha status de personagem. Seo Marinho, exímio artesão, é um dos últimos conhecedores do trançado de cestos (de cipó ou fio de luz - material adaptado às tendências atuais da reciclagem) de acordo com a técnica aprendida junto aos índios que habitavam a região. Seo Juce, filho de uma das principais lideranças da comunidade, como o pai, dedicou muitos anos de sua vida na articulação e estruturação do Distrito do Rio Vermelho. Foi um dos principais responsáveis pela chegada da água encanada, da luz, da estrada e proprietário do primeiro automóvel que conduzia os doentes e idosos para a cidade. Dona Maricota, querida por toda a comunidade, foi parteira do vilarejo por mais de 20 anos. Pequenina, mas sempre disposta, apresenta sabedorias de quem muito conhece sobre as práticas e tradições dos antigos açorianos.

Os idos anos de sua juventude eram tempos da fartura de alimentos, das festas religiosas, dos engenhos de farinha puxados a boi, das parteiras, da agricultura e pesca abundante, do convívio familiar e comunitário que marcavam o dia-a-dia do grupo.

A história deste povo no Brasil começa em meados do século 18, quando por determinação das autoridades de Lisboa, iniciou-se uma experiência de colonização mediante a fixação de famílias açorianas ao solo da região sul. Essa imigração em massa visava defender e povoar os atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Assim, imigraram para o país, a partir de 1732, milhares de colonos ilhéus oriundos do arquipélago dos Açores.
Em Santa Catarina, o povoamento açoriano do litoral caracterizou definitivamente a região. Ao chegarem aqui, os colonos açorianos tomaram posse da terra, espalharam-se em “freguesias” e começaram a trabalhar com produtos agrícolas como o café, o algodão e a farinha de mandioca – esta aprendida através de técnicas dos índios Carijós. Antigamente, o Rio Vermelho era um grande pólo agrícola que chegou a comportar 32 engenhos em funcionamento. Os açorianos aqui instalados exportavam desde cachaça, café, caju, até as farinhas de milho e mandioca. Este povo também aprendeu a pescar e a construir canoas com os índios. Tal atividade ligada ao mar consolidou-se através dos tempos como principal suporte da economia do litoral. Assim, articulando práticas e sabedorias culturais peculiares, foram construindo suas vidas e se adaptando ao meio ambiente que encontraram.

Ao longo desses anos, a chegada da vida urbana e de novos moradores na Ilha, modificaram de vez muitas tradições dos antigos. O tempo da forte produção nos engenhos locais não irá voltar, mas tal período permanece presente nas memórias dos idosos que ainda vivem no local.

Cinthia Creatini da Rocha
Antropóloga

domingo, 25 de novembro de 2007

RIO VERMELHO



Localizado no norte da Ilha de Santa Catarinha, entre o Santinho e Barra da Lagoa, na Praia do Moçambique, Rio Vermelho, um dos mais antigos distritos da Ilha de Santa Catarina, chamado de Freguesia de São João Baptista do Rio Vermelho em 1831, está situado na capital brasileira com o melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil.
O nome do lugar vem do Rio Vermelho, um dos dois veios d'água que derivam de uma nascente na base dos cômoros de areia. Os dois riachos nascem com águas claras. Um
corre em sentido norte, desaguando no mar em Ingleses. O que corre para o sul, adquire
uma coloração vermelha a uns três quilômetros da nascente, devido às terras que cortam, principalmente em épocas chuvosas.
Tal como toda a ilha, a região do Rio Vermelho foi povoada por índios Carijós. A ocupação pelo colonizador português se deu no século XVIII e sua igreja, em devoção a São João, foi construída em torno de 1750.

Ainda são praticados a pesca e o artesanato, exemplo a renda de bilro, hábitos já inerentes à cultura popular do povo de Rio Vermelho.